Sergio de A. Cid Peres*: A globalização vem transformando a economia mundial. Segundo H. Y. Ching em seu livro "Gestão de estoques na cadeia logística integrada", diversos reflexos estão sendo sentidos em vários segmentos industriais que vão desde o aumento da competitividade, o acesso a novas tecnologias gerenciais até a mudança comportamental do mercado consumidor, que se mostra cada vez mais exigente e informado.
As novas características do mercado fazem com que as empresas passem a buscar particularidades que diferenciem os seus produtos dos concorrentes, de modo a criar maior valor percebido a seus clientes. Outra característica oriunda da globalização foi a eliminação das fronteiras. Isto teve como consequência um grande mercado global.
Antes, o prestador de serviço logístico, restrito a uma área de atuação, tinha como preocupação a performance técnica; neste novo cenário, deparou-se com o chamado fator "local", o qual passou a influenciar fortemente o desempenho das empresas, sendo que alguns elementos especiais precisam ser considerados em situações que envolvam duas ou mais nações:
- Conhecer as características dos processos de importação e exportação. Dependendo da burocracia, poderemos ter "lead times" mais longos, o que, além de comprometer a performance, poderá prejudicar os compromissos assumidos em função da agilidade da operação logística.
- As distâncias tornaram-se maiores, principalmente em função do mercado de fornecimento, aumentando as possibilidades de avarias ao produto. Questões socioculturais (o que muitos não levam em conta, e pagam por esse descaso) modificam o comportamento das pessoas, dificultando o controle do processo logístico e aumentando a ocorrência de imprevistos ocasionados pelas diferentes formas de comprometimento com a cadeia de abastecimento dos envolvidos.
- E, por último, temos que observar que cada país tem uma infraestrutura, sendo que alguns nem sempre estão em condições de atender adequadamente aos diferentes modais de transporte. Isto pode ter como consequência a necessidade de se usar de alternativas mais onerosas, elevando-se os custos logísticos.
O Prestador de Serviço Logístico terá que esquecer o velho procedimento padrão e estar aberto para atender as diferentes anuências que o mercado apresenta. Os valores para diferentes consumidores poderão ir desde uma avaliação voltada para o preço, em detrimento a outro, no qual o custo social esteja no topo da escala de valores. Não podemos esquecer que, para muitos países, os valores ambientais estão acima do fator preço. Temos também o caso dos países, onde os consumidores têm a consciência da necessidade do consumo responsável, mas o seu poder aquisitivo de compra não acompanha tal desejo. Então como deve se portar o Prestador de Serviço Logístico?
O desequilíbrio imposto pela globalização exige novas configurações e habilidades organizacionais. Ser capaz de interagir com a sociedade é essencial para a sobrevivência, a legitimidade e a competitividade no mercado.
Hoje, o cliente acostumou-se às frequentes inovações e à volatilidade do mercado. Ele assume os seus desejos, necessidades e, principalmente, aprendeu a usar das vantagens que a competitividade oferece. Em suma, o cliente tem consciência de que ele é o foco dos negócios e, age como tal.
Claro está que a palavra de ordem é fazer frente à concorrência. Mas, para isso, atitudes de impacto devem ser tomadas. A Logística é uma ferramenta que pode ser o diferencial. É necessário conhecê-la e saber das suas possibilidades. Sobreviver em um mercado com dimensões mundiais exige decisões que possam atingir o cliente final de maneira que se possa ter continuidade, em função da satisfação desse último. Lembro que manter a fidelidade do cliente com tamanho leque de opções exige algo mais. Satisfação é alcançada quando o tripé da Logística (tempo-custo-qualidade) é cumprido na sua íntegra. Também é preciso lembrar que a concorrência está evoluindo e procurando ocupar o seu espaço. A luta é contínua e os obstáculos são cada vez mais difíceis de serem atingidos. Então, a estratégia é investir na melhoria contínua.
Podemos dizer que o preço final de uma mercadoria transacionada no mercado internacional, apurado no local de consumo (destino final), pode ser desdobrado, de uma forma simplista, em três componentes: custos de fabricação, custos logísticos e lucro. O Prestador de Serviço Logístico não pode mais focar em operações padrões e acreditar que as mesmas irão atender a todos os recantos, poderá trazer resultados negativos. Conhecer os "locais" e separá-los por zonas de ação poderá ser melhor solução para um "mundo" tão distinto. Entender e acompanhar as particularidades de cada mercado poderá ser a solução para se conquistar esse mercado e melhor obter a fidelidade do mesmo.
*Sergio de Almeida Cid Peres, professor do curso de Comércio Exterior da Uniso sergiocidperes@hotmail.com 'Jornal Cruzeiro do Sul'